"Nasci na cidade de Uruguaiana, logo após o natal de 1957, uma cidade do interior do RS, onde não há e nunca houve um autódromo ou qualquer tipo de corrida.


O máximo em relação a carros e competição que apareceu na cidade, na década de 60, eram os Fuscas da equipe "J. CARDOSO" que na época faziam demonstrações de Cavalo de Pau e andar com os carros em 2 rodas.

          Nessa década de 60 eu ficava maravilhado olhando os jornais da época deitado no chão da sala, olhava fotos das corridas de Mil Milhas e as tradicionais provas no Circuito da Cavalhada e Pedra Redonda, que eu nem imaginava que nos dias de hoje viria a morar justamente na zona sul da capital.

          O dia em que o Pedro Carneiro Pereira faleceu eu ainda morava em Uruguaiana e na casa de minha avó escutava o jogo da dupla Grenal naquele Domingo.

Ouvi a notícia da morte daquele grande piloto e com uma mistura de tristeza, fiz um juramento a mim mesmo: um dia irei correr nesse tal Autódromo de Tarumã. Falei essa frase a mim mesmo e até hoje não sei se foi um juramento, um pedido, ou um conforto ao Pedro, e não tinha a mínima ideia de onde ficava Tarumã.




     TODO HOMEM DEVE TER A GRANDEZA DOS SONHOS DE UM MENINO


          Sonhava com meu carro de corrida, com o meu nome "BRUM" estampado no quebrasol do parabrisa.


Obs: a minha corrida de despedida, as 12 Horas de 1998, levou o nome de Pedro Carneiro Pereira.
Entendo esse fato como um presente de Deus, e este troféu que me foi entregue pelo filho do Pedro Carneiro, foi entregue pelo proprio Pedro,através do filho, sentia isso ao apertar a mão do Filho dele.
Esse troféu é muito especial para mim.

         Os anos se passaram e todos os dias eu sonhava, literalmente, TODOS os dias eu imaginava como seria pilotar um carro de corrida.




       TREINANDO COM KART, ENQUANTO ESPERAVA A OPORTUNIDADE DE FAZER O CURSO

            A vida passou, vim morar em Porto Alegre, e o sonho cada vez mais me incomodando.
            Em Junho de 1987 achei no jornal o que eu procurava há mais de 30 anos: a Escola de Pilotagem Interlagos viria à Guaporé dar um curso (caríssimo para minhas condições) de uma semana, no final de Agosto de 1987, mas era agora ou nunca. Juntei o dinheiro que pude e fui me inscrever.


AGUARDANDO ANCIOSO PARA COMEÇAR O CURSO


        O Toninho de Souza, que era o organizador da F3 Sulamericana na época, era o Dono da Escola. Nesse curso vi a oportunidade que esperava desde os meus 7 anos de idade.


PRIMEIRO CONTATO COM A PISTA DE GUAPORÉ


               Para baratear o custo com o Hotel Topo Gigio, a organização do curso reservou os apartamentos com dois alunos por quarto.
Eu fui, pela ansiedade de fazer o curso, o primeiro a chegar à Guaporé e a me instalar no hotel, pois cheguei com um dia de antecedência.
               O segundo aluno a chegar foi o Luiz Afonso Schiafino, nos apresentamos, conversamos junto à janela do quarto e ele me falou que tinha ganho o curso por responder a uma rádio, algumas perguntas sobre a Fórmula 1. Brincando com ele, lembro que comentei: Pô cara, que sorte você teve, eu tive que pagar uma grana pelo curso.
               Fizemos uma amizade muito boa, pois o sonho, era o mesmo. À noite estudávamos as bandeiras e toda a parte teórica do curso, pois teria a prova da parte teórica. Combinamos montar um carro para corrermos os dois juntos, ele venderia o Kart que ele tinha, para entrar com a parte dele.

O AMIGO LUIZ AFONSO DE JAQUETA ESCURA E CABEÇA BAIXA

 
              Concluimos o curso e a prova final foi no domingo, dia 30 de Agosto de 1987. No retorno do autódromo ofereci carona de volta a Porto Alegre para o Luiz Afonso.
              Alguns alunos não conseguiram aprovação e na alegria e euforia de ter sido aprovado no curso, fui ligar para minha esposa que tinha ficado em Farroupilha e avisei ao Luiz Afonso que teria que passar em Farroupilha para pegar ela e ele me disse que tudo bem, iria comigo.


AULA PRATICA NA PISTA

                  Enquanto ligava para minha esposa ele consegui carona no Chevette com motor de Opala, que estava com alguns dos instrutores. Na correria para pegar a carona, ele se despediu de mim e me disse que iria no Chevette, pois eles desceriam direto até Porto Alegre, e que me ligaria para combinarmos a montagem do nosso carro.


                 Um outro aluno, o Waldemar Max, também pediu para ir de carona no carro, mas o dono do carro não queria levar quatro pessoas e o Waldemar ficou de fora.



CHEVETTE QUE SOFRERIA ACIDENTE NO RETORNO DO CURSO


                 De volta a Porto Alegre, na segunda-feira logo pela manhã, abro o jornal Zero Hora, e vejo na capa a notícia "Tragédia com Alunos do Curso de Pilotagem na Volta de Guaporé". No jornal aparecia foto de um corpo coberto na beira da estrada, era do instrutor que se chamava Ricardo Lima, ele aparece nas fotos de abrigo azul ao lado do carro da escola e me falaram que ele era um dos donos da Sulcolor. Eu fui o último aluno que ele passou seu conhecimento, pois fiquei na última turma dele, e fui o último aluno que andou com ele no carro, depois nós andamos sem instrutor. Ele tinha deixado a empresa para ensinar o que mais gostava.

DE ABRIGO AZUL, MEU INSTRUTOR, QUE VIRIA A FALECER NO ACIDENTE

 
        No acidente, o Luiz Afonso foi levado para o Hospital em coma irreversível. O instrutor que dirigia o Chevette sobreviveu. Encontrei ele em Tarumã, anos depois. O amigo Luiz Afonso ainda resistiu sete dias e faleceu dia 7 de Setembro de 87.

           Passado uns seis meses, me procuram em casa, a irmã e a noiva do Luiz Afonso. Não sei como sabiam que eu tinha feito o curso com ele, e nem como descobriram meu endereço. 
         


                  

5 comentários:

  1. Legal esse blog.
    ó dei uma olhada por cima e vi que é deveras interessante.
    Agora no fim de semana com mais tempo vou ler tudo.

    Valeu Abraço

    Adolf

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  2. Parabéns pela iniciativa, Ayrton, e bem vindo ao mundo dos "blogueiros".
    Abraços empoeirados

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  3. Gracias Francis

    um grande abraço.

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  4. Amigo Adolf

    Obrigado pelo elogio.

    abração

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  5. Fiz uma postagem sobre esse blog lá no meu. Tomei a liberdade e copiei um foto tua para fazer uma propagandinha lá.

    Abraço

    Adolf

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